Quintais
Os mestres e seus quintais
Partindo da premissa de que território é conhecimento (WAGNER & SILVA, 2013:61), a perda do território de exercício de práticas de saberes tradicionais pode representar um “colapso cosmológico”, pois conhecimento é também cosmovisão. A perda da possibilidade de exercício de um conhecimento implica em mudanças severas na prática cotidiana, nas escolhas, no corpo, na alimentação e no comportamento social. A identidade é um território cosmológico e físico, pois ela está presente tanto numa perspectiva material, quanto sensível, movida pela inconstância da relação entre trajetórias, memórias e histórias.
Dessa busca e interação, produz-se conhecimento, multiplicado dentro de territórios (WIEDEMANN, 2019). Os quintais são vistos aqui como territórios físicos que resistem aos novos contextos do turismo, às restrições ambientais e à especulação imobiliária. De forma análoga, vê-se em andamento a desconexão cosmológica das novas gerações e a resiliência destas práticas através dos seus mestres e mestras (em sua maioria já bastante idosos). O uso das plantas para a cura une cosmologia e paisagens culturais e está presente na cultura local como semente que tem a informação para germinar, mas que precisa de condições específicas para tal.