Sobre

O Projeto

O projeto Ervas do Quintal  tem como objetivo pesquisar, mapear e inventariar as atividades de raizeiras, curandeiras e parteiras tradicionais e suas práticas de cura associadas às plantas nativas da região da da bacia hidrográfica do Rio bonito e do Rio Macaé, região serrana do estado do Rio de Janeiro. Esta pesquisa foi realizada dentro de um período de tempo bastante delimitado e, portanto, representa o ponto de partida de registro das atividades desses mestres da cura.

Como em uma bacia hidrográfica, suas microbacias, afluentes, córregos e drenagens, o conhecimento aqui é acumulado e conectado. Percorre os vales conhecendo as pessoas, suas vidas, seus quintais e suas ervas. O processo de pesquisa respeita o tempo nativo e adapta-se a realidades, como a da COVID-19. As Plantas são registradas em fotos espontâneas ou sistemáticas, trazendo as informações etnofarmacológicas, nomenclaturas e receitas de cada entrevistado, ou na linguagem acadêmica, de cada informante. O posicionamento político permite que no processo de conhecimento tenhamos contato com as questões sociais e ambientais do contexto, dando ainda mais peso para a história, memória e conhecimento de nossos interlocutores.

O que propomos aqui é a realização de um pequeno inventário sensível destes saberes e práticas de cura. É através da documentação audiovisual destes encontros, cantos e contos que este levantamento foi realizado. Uma pesquisa que tem como fio condutor o manejo das plantas nativas da Mata Atlântica associado às práticas tradicionais de cura realizadas ainda hoje nesta região.

Nesta bacia etnográfica as mestras, os mestres e os quintais nos orientam, como o espaço onde se rememora a história. Este é o espaço de produção cultural que nos conecta à tradição ameríndia do xamanismo nas suas interações de cura entre o território, o corpo e o espírito com a mata e os seres que nela habitam. O quintal é um espaço de coleção de plantas e de referências. Essa unidade territorial e cosmológica abrange ainda a mata que permeia e preenche os vales e a serra (estes já muitas vezes inacessível a estes fazedores).

Essa bacia etnográfica está (ou melhor, sempre esteve), sobre a ameaça de expropriação e das mudanças culturais que afastam as novas gerações de tais práticas e conhecimentos. A perda dos territórios amplos, como a mata, enfatiza a nossa cultura ameríndia resistente e resiliente hoje nos quintais e na sua gente, que aqui carinhosamente denominamos de tradição neotupy. Um espaço circunscrito pelos muros e cercas da propriedade privada mas que guarda plantas, receitas e referências muito antigas e coletivas.

No site, a principal plataforma de compartilhamento destes registros, o visitante navega percorrendo esta bacia hidrográfica através de suas plantas, lugares e habitantes. É possível adentrar as histórias de cada personagem, conhecer seus quintais e receitas. O visitante pode acessar os afluentes da bacia e ter contato com uma listagem de plantas e ervas levantadas pela pesquisa, além de conhecer outras referências bibliográficas que foram identificadas pelo projeto.

Assa Peixe, Erva Macaé, Sete Sangria e Aroeira são apenas algumas destas espécies nativas que contam muitas histórias. Dos cuidados pessoais às crenças, estes saberes baseados no conhecimento tradicional e transmitidos oralmente através de gerações, dizem muito da forma de ser do povo desta região.

Quem somos

Debora Herszenhut é mestre em antropologia pelo Programa de Pós Graduação em Sociologia e Antropologia da UFRJ, roteirista e documentarista com mais de 15 anos de experiência no mercado cultural. Tem como princípio em sua prática artística utilizar-se de dispositivos etnográficos para as suas criações. Guarda profundo respeito e admiração pelos guardiães da medicina popular, hoje sua grande inquietação tanto artística quanto acadêmica. Diretora e roteirista do documentário DEPOIS ROLA O MOCOTÓ (2009), exibido no Brasil através da TV Brasil e em 9 países membros da Comunidade da Língua Portuguesa e exibido em diversos festivais nacionais e internacionais de cinema. No âmbito acadêmico realizou dois documentários, Pegadeira (2008) e Viva São Pedro (2010) produzidos no contexto da pesquisa “Ilha Grande: Manifestações e imagens”, ambos financiados pela FAPERJ. Como pesquisadora trabalhou em projetos para diversas instituições, dentre elas destacam-se a ONG WWF e Instituto C&A. Como produtora trabalhou em inúmeras mostras e festivais de cinema, dentre eles destacam-se a participação ao longo de 13 na equipe de produção da Mostra Internacional do Filme Etnográfico, realizada no Rio de Janeiro, a Mostra CRUA – Cinema Rural Andarilho, realizada em 2015 em comunidades e assentamentos rurais nos estados da Paraíba e Pernambuco, Iguacine – Festival de Cinema de Nova Iguaçu, o primeiro festival de cinema da baixada Fluminense e a participação entre 2005 e 2007 n a equipe da Mostra Geração o programa educativo do Festival do Rio.


Mario Wiedemann é mestre em Antropologia pelo Programa de Pós Gradução em Ciencias Sociais da UERJ onde desenvolveu sua pesquisa com ênfase nas atividades dos pescadores/caiçaras da Ilha Grande-RJ. É doutor em arqueologia no programa Pós-Gradução em Arqueologia da UFPE, onde deu continuidade a sua pesquisa de abordagem etnoarqueológica com ênfase nas transformações da paisagem, na cultura material e no conhecimento  da pesca de comunidades costeiras e estuarinas do Maranhão e de Pernambuco. Há 10 anos atuando no campo da arqueologia pública, desde 2015 vem desenvolvendo projetos culturais com ênfase na preservação e publicização do patrimônio arqueológico. Ao longo de 2017 coordenou junto com Debora Herszenhut o projeto “Camboas Tupi:  Educação Patrimonial sobre a pesca Tradicional nos Municípios de Itamaracá e Goiana” que contou com o apoio Financeiro do Fundo de Cultura  de Pernambuco – FUNCULTURA/PE.


Saberes e Resistência

Os saberes são muitos, a resistência é ancestral, Saberes e Resistência é um guarda chuva de projetos que tratam sobre resistência, transmissão de saberes e manejo sustentável das matas, florestas, rios, mares e mangues do Brasil. Estes projetos realizados a muitas mãos e com inúmeras parcerias, tem como ponto de partida, o registro de nossas resistências culturais, com o objetivo de difundir o conhecimento e o fortalecimento de ações de afirmação que valorizem as raízes nativas de nossas terras.

Em desenvolvimento temos: duas séries para a TV; SOMOS TODOS TUPY – sobre arqueologia pré colonial do Brasil e a série EXTRA ATIVISMO: SABERES E RESISTÊNCIA – sobre o manejo sustentável e a prática do agroextrativismo no Brasil. E ainda o livro “História de pescador: Um dossiê sobre a pesca tradicional no litoral Pernambucano”, que é o resultado de três processos de formação em educação patrimonial, oferecido a professores e gestores da rede pública de ensino dos municípios de Ilha de Itamaracá, Goiana e Cabo de Santo Agostinho no  estado de Pernambuco.

Ficha técnica:

Coordenaçãode produção e Coordenação de Pesquisa : Debora Herszenhut
Pesquisador: Mario Wiedemann
Assistente de Pesquisa e Produção: Tatiana Devos Gentile
Textos: Debora Herszenhut e Mario Wiedemann
Consultora: Luiza Borba
Técnico de Som Direto: Mario Wiedemann
Câmera: Debora Herszenhut e Gabriel Sayad
Câmera adicional: Alê Rifan
Fotografia Still: Debora Herszenhut, Mario Wiedemann e Tatiana Devos Gentile
Montagem: Gabriel Sayad
Ilustrações: Pedro Meyer Barreto
Programação Visual: Refinaria Design
Assessoria de Comunicação: Samela Martins
Controller financeiro e prestação de contas: Bianca Calcagni
Intérprete de libras: Thamires Ferreira
Live de lançamento. Palestrantes: Mirian Marino (Rede Fitovida), Maria Luiza Borba(Coletivo Grãos de Luz). Mediação: Debora Herszenhut

Com a participação de:

Coletivo Grãos de Luz
Idalice Ouverney – Dona Idalice
Hélia Heringer Boy – Dona Hélia
Luiz Ramiro Ouverney – Seu Dinho
Luiza da Penha Aguiar Fonseca – Dona Luzia
Maria Idarci Ferrez – Dona Idarci
Maria Luiza Borba
Manoel Fonseca – Seu Manoel
Nañi Nauwa Feke
Orides Orandino Macedo – Seu Orides
Sebastiana Cândido Campos – Dona Tiana
Têka Shenehawa

Agradecimentos:

Ailson José Boy
Amanda Wiedemann
Benjamim Fernandes Herszenhut Wiedemann
Daniela Carioca
Denilson Fonseca
Dinah Yalom
Ixmin Rua Manchineri
José Carlos Almeida
Luna Yalom
Lylian Berlim
Marcos, da venda da Macaé de Cima
Mary Ângela Nery
Maria Emiry Sacchese
Marina Yalom de Mello
Nicolau Mello
Priscila Canano
Raphael Jonas Cipriano
Ravi Fernandes Herszenhut Wiedemann
Rosalina Macedo Wandrofski
Sítio Paraíso da Serra
Tito Yalom de Mello
Vânia Barreiro

 

Realização

 

Parceiros

 

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